“A gastronomia como impulsionador da economia”. Com esse mote o secretário de Cultura de Palmeira e coordenador da AMCG Cultura, Waldir Joanassi Filho, iniciou a sua palestra na noite de ontem durante o Congresso Gastronômico de Ponta Grossa. O coordenador foi convidado a falar sobre os “Sabores dos Campos Gerais”, projeto da Associação dos Municípios dos Campos Gerais desenvolvido em parceria com as Prefeituras Municipais. “A gastronomia exerce um papel muito importante, não somente para a identidade de um povo, mas também para a economia de nossa região”, aponta.
Na questão identitária cultural, Joanassi avalia que, apesar da importância dada atualmente à alimentação, o despertar no Brasil ocorreu tarde. “O despertar nacional ocorreu somente no ano de 2.000, quando o decreto de registro como Patrimônio Imaterial foi regulamentado”, disse, destacando que o registro é fundamental para a salvaguarda dos fazeres e dos ofícios que se referem aos pratos de uma população.
Para exemplificar este despertar tardio, o coordenador da AMCG Cultura citou que, no Brasil, somente três ‘pratos’ contam com inscrição nacional como Patrimônio Imaterial: o queijo de minas, a cajuína de Piauí, e o ofício das baianas do acarajé. No Paraná são dois: o Barreado e a cachaça de Morretes; e nos Campos Gerais também dois, ambos do município de Palmeira, o Pão no Bafo (alemães do Volga) e a gengibirra, que tem herança no anarquismo.
Nos Campos Gerais, o projeto “Sabores” foi desenvolvido para servir como “buscativa” desses pratos que remetem a identidade popular. “Fizemos o projeto e buscamos pratos dos 19 municípios da AMCG. Alguns deles remetem às origens de nossa população, seja indígena, ou ligadas ao tropeirismo e processo imigratório. Outros são pratos turísticos e alguns são com alimentos ligados a economia municipal”, disse Joanassi, citando o Sabor de Ortigueira. “A Costelinha de Porco no Mel foi um prato desenvolvido por lá para destacar a sua forte produção de mel e atividade de suinocultura”, aponta.
Além de mostrar os Sabores que contam na publicação da AMCG, o secretário municipal de Palmeira trouxe outros exemplos da “cultura alimentar” dos Campos Gerais. O kutiá, característico da população descendente da Ucrânia, e o Schnitzsuppe de descendência dos alemães do volga. “Há toda uma história e técnicas sobre a origem desses pratos que foram trazidas há dezenas de anos pelos imigrantes, e passadas de gerações para gerações”, explica o gestor de Cultura.
Conforme o secretário, a buscativa e o resgate dos saberes alimentares fortalecem a cultura de um povo. “Com o pão no bafo e a gengibirra inscritos como patrimônio imaterial despertamos um sentimento de apropriação do palmeirense”, destaca.